“Toda dor que for mais quente do que aquela adequada e correta para uma irmã deve permanecer absolutamente oculta… para que Deus veja que não tem mais em mim uma mulher pecadora, mas mulher nenhuma”
Não seria exagero dizer que estou apaixonado pela escrita desse autor. Mesmo tendo sido, O Eleito, meu primeiro e único livro dele lido até o momento. O livro conta a história de Gregorius, que viria a sentar no posto mais alto da igreja de Roma, tornando-se o Papa conhecido por salvar almas pecaminosas, ironicamente, tendo sido ele mesmo nascido e criado no pecado. Seu nascimento e futuros acontecimentos em sua vida adulta, que chegam a causar asco, o obrigam a abrir mão de tudo que conquistou, para viver uma busca por redenção.
A forma como Thomas Mann aborda esses assuntos polêmicos, deixa tudo mais leve, e em alguns momento até cômico. Conduz a narrativa desse livro de forma brilhante. Narrativa essa que é também um personagem. O livro é narrado por Clemens, um monge de Roma movido pelo tal “espírito da narrativa”. Achei isso bem original, além de dar liberdade para vagar-mos por memórias, pensamento e até angústias de cada personagem.
É uma obra extraordinária do começo ao fim. Mais de uma vez achei que a mudança de rumo da narrativa iria esfriar, e ela tomava um novo caminho que eu acabava gostando ainda mais. Me peguei lendo mais devagar, apreciando os últimos capítulos com uma tristeza que foi tomando conta de mim linha após linha, tentando bobamente adiar o fim. Mas depois da dura penitencia, enfim, a redenção do herói. Felix culpa.
Livro: O Eleito
Autor: Thomas Mann
Ano: 1951