“Queria gravar, no caos da sua alma obscura, como que com um sinete, o apoteótico perfume, pesquisá-lo de modo preciso e, daí por diante, só pensar, viver, cheirar segundo a estrutura interna dessa fórmula mágica”
É bom pegar um livro que você já sabe que vai gostar, né? Eu já tinha visto o filme baseado nesse livro, que percebi, é até bem fiel. Mas o livro entra muito mais no detalhe do assassino Jean-Baptiste Grenouille. Mostra os conflitos que se passam na mente do psicopata, e como a obsessão caminha lado a lado com a falta de empatia. Combinação extremamente perigosa, ainda mais se somado ao grande dom do personagem, de não deixar nada escapar ao seu aguçado olfato.
Eu fui muito cativado pela criatividade da história. Pelo ambiente que o livro cria, nessa França do século XVIII, desde o nascimento de Jean-Baptiste, onde é possível sentir asco pelo local e pelo modo como ele vem ao mundo, até o ar puro das montanhas onde ele fica isolado por sete longos anos. É quase uma experiência sensorial. Você se pega respirando fundo, tentando sentir notas nos aromas, ou identificar situações só pelo olfato. A idéia de possuir essa habilidade realmente me encantou. Mas como eu disse, a falta de empatia, a personalidade psicopata – quase ingênua – de Grenouille, torna esse dom ainda mais sombrio.
Com ótima narrativa e um final brutal, esse thriller de Patrick Süskind acabou se tornando um dos meus livros favoritos, não só dos lidos em 2023, mas da vida.
Livro: O Perfume – A História de um Assassino
Autor: Patrick Süskind
Ano: 1985